segunda-feira, 25 de julho de 2022

A CRIATIVIDADE E O CAFÉ COM LEITE sobre a fantasia infantil na experiência adulta

 

A CRIATIVIDADE E O CAFÉ COM LEITE

sobre a fantasia infantil na experiência adulta

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É engraçado como as lembranças nos assaltam em alguns momentos. Simplesmente surgem do nada, aparecem flutuando no ar, como aqueles pontinhos brilhantes que me encantavam quando eu abria os olhos pela manhã, dormindo na casa da minha avó. Bem mais tarde percebi que não passava de um raio de sol que entrava pela janela e fazia aquele efeito mágico refletindo luz nos milhares de fragmentos de pó que flutuavam no ar... Mas confesso que minha primeira teoria era mais interessante. Eu pensava, em minha concepção infantil, que era uma fadinha que vinha me acordar, e que ela morava ali, na casa da minha avó. Uma fadinha brilhante que tinha cheiro de café com leite. Tinha cheiro de sol. Tinha cheiro de vó!

 

E o tempo passou, o raio de sol na janela deixou de ser a fadinha mágica com cheiro de café com leite. A pressa em acordar e correr para o trabalho expulsou a fadinha das manhãs de sol. No lugar dela quem me acorda hoje é o despertador, e os emails que começam a chegar antes mesmo de levantar da cama. Os pontinhos brilhantes não são mais perceptíveis, e o pó virou apenas pó. Cadê a magia? Cadê a fadinha?

 

Corro para o trabalho, o mesmo que tanto sonhei quando pequena. Ou talvez não seja exatamente o mesmo pois quando pequena sonhava em ficar grande para poder fazer todas as coisas que desejava... e não podia! Pois então, eu cresci. E isso não mudou. Eu continuo querendo fazer coisas que não posso. E pior... sem a fadinha com cheiro de café com leite das manhãs de sol na casa da minha avó. Será que crescer é isso?

 

Crescer é mais do que isso. Não é fácil enfrentar a vida sem a fadinha. Mas ao mesmo tempo é fascinante quando percebemos que nós mesmos nos tornamos donos do que queremos ser. O trabalho pode não ser o que sonhamos quando crianças... pode ser mais! E nossas conquistas podem ser maiores e, principalmente, reais! É só trazer cada pontinho brilhante que move nossa criatividade infantil para dentro de nossas organizações. Já pensou quanta coisa se pode fazer com um raio de sol com cheiro de café com leite?

 

Ok, ok, eu me rendo... isso é fantasia infantil... isso não existe em nossa correria do dia a dia, nem em nossos planejamentos estratégicos super sofisticados com investimentos incalculáveis.

 

Mas... daí eu pergunto: Por que seus funcionários fogem para postar mensagens nas redes sociais sempre que você desvia o olhar? O que eu vejo é uma explosão de fadinhas brilhantes em mensagens replicadas milhares de vezes... Replicadas, repetidas, não criadas ou vividas. Apenas reflexo de uma luz que vem de fora mas que remete a algo que em algum momento fez sentido.

 

E o que fazemos, em nome da segurança de nossas empresas e controle das informações? Tentamos represar o pensamento que passeia numa grande rede arquetípica moderna. Em vão! O pensamento não se represa sob pena de matar a criatividade.

 

Lanço aqui um desafio! Uma nova campanha! Diga o que inspira suas manhãs de sol e faz você levantar para mais um dia de trabalho. É aí que reside o seu desejo de crescer. É aí que você vai encontrar a luz que tanto busca para aquele problema que parece insolúvel. É aí que você vai encontrar o prazer de ser gente grande.

 

Eu começo – meu raio de sol tem cheiro de café com leite na casa da minha vó!



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sexta-feira, 22 de julho de 2022

LIBERDADE E RESISTÊNCIA EM CECÍLIA MEIRELES - sobre o sonho e a realidade

 

LIBERDADE E RESISTÊNCIA EM CECÍLIA MEIRELES

sobre o sonho e a realidade

Liberdade e resistência em Cecília Meireles

 

Antônio Cândido, em A vida ao rés-do-chão considera a crônica um gênero menor, o que a deixa mais perto da realidade do leitor, ajustando-se à sensibilidade do dia-a-dia. Em sua despretensão, humaniza e é essa humanização que lhe confere certa profundidade de significado. A crônica está sempre ajudando a estabelecer ou restabelecer a dimensão das coisas ou das pessoas. É amiga da verdade e da poesia nas suas formas mais fantásticas e diretas (CÂNDIDO, 1992: 13-14).  São vários os significados da palavra crônica.

 

Todos, porém, implicam na noção de tempo, presente no próprio termo que procede do grego chronos. Arrigucci chama nossa atenção para esse vínculo de origem que liga o texto a um registro de vida, a um fato histórico que pode não ser percebido pelo leitor, mas que está sempre presente na crônica (ARRIGUCCI, 1979: 51). Ao nos propormos, então, a refletir sobre crônicas que determinados autores escreveram, é importante situarmos no tempo e no espaço as circunstâncias que provocaram aquelas palavras. Caso contrário, a crônica perde o sentido e passa a ser entendida com base em experiências próprias do leitor, numa compreensão muitas vezes distante de seu objetivo principal.

 

Cecília Meireles passou a maior parte de sua vida diante de uma máquina de escrever. Embora seja mais conhecida por sua obra em verso, a “pastora das nuvens” que fala da transitoriedade da vida, do efêmero e do subjetivo em suas poesias mostra outra face em sua numerosa obra em prosa. De 1920 a 1964, quando sua última crônica foi publicada na Folha de S.Paulo, a escritora escreveu cerca de 2.500 crônicas. Sua estréia na redação de um jornal se deu em 1930, década marcada pela transição de duas grandes guerras e, no Brasil, pela revolução de outubro.

 

Na imprensa pipocavam jornais de adesão ao novo regime. Assim surgiu o "Diário de Notícias", em junho de 1930. Mais do que um simples matutino, o jornal trazia uma seção diária dedicada à educação e à política, a "Página de Educação", cuja diretora era Cecília Meireles. Jornalista liberal, crítica, engajada, partidária incansável das liberdades individuais, lutava pela instauração de uma república democrática, bem diferente daquela regida pelo populismo autoritário do regime que se descortinava após a revolução. Acreditava na liberdade e na criatividade contra a opressão e a massificação da educação.

 

Os acontecimentos da época eram tratados por Cecília em suas crônicas pois, como nos aponta Massaud Moisés, o cronista sente realmente o que exprime. As crônicas em geral são breves e seu estilo direto, espontâneo e jornalístico, reagindo de imediato ao acontecimento (MOISÉS, 1982: 104). As idéias e críticas de Cecília, no entanto, foram recebidas com resistência e perseguições por motivos ideológicos, políticos e estéticos. Era partidária dos princípios da Escola Nova, a escola moderna do filósofo norte-americano John Dewey e assistiu à ascensão de um estado autoritário e de uma Igreja Católica que tentava recuperar seu poder após quarenta anos de uma república laica, com ares positivistas. Se a história da literatura desconhece a Cecília Meireles da luta política, desconhece também a que sofreu perseguições da censura de Vargas, dos católicos e em concursos literários.

 

A "Página de Educação" se encerrou para Cecília em janeiro de 1933, quando se cansou das manobras políticas do governo e o estado da educação no Rio de Janeiro. Chega mesmo a manifestar em sua correspondência o "horror" que lhe causava o jornalismo em sua vida.  Ficou para trás a jornalista engajada que, entre 1930 e 1933, assinou sua página diária sobre educação - na qual chegou a acusar ο então ministro de educação, Francisco Campos, de medalhão e ο então presidente, Getúlio Vargas, de Sr. Ditador. Foram mais de mil artigos escritos em que Cecília lutava contra a inclusão do ensino religioso e defendia as liberdades, como por exemplo a criação de escolas mistas em que ambos os sexos pudessem dividir ο mesmo espaço. É bom lembrar que isso ocorreu entre 1930 e 1933, quando a mulher sequer exercia ο direito de voto, uma vez que as urnas passaram a contar com ο voto feminino apenas em 1934.

 

Entretanto, logo após sua despedida da "Página de Educação", Cecília Meireles volta aos jornais. Desta vez para o carioca "A Nação", no qual foi contratada com um senão: poderia escrever sobre tudo, menos sobre política!  Durante toda a sua vida a poeta se dedicou ao jornalismo. Na década de 40 escreveu para "A Manhã" uma coluna semanal sobre folclore. Em seguida, na década de 50, de volta ao "Diário de Notícias", ocupava o famoso rodapé de literatura do "Suplemento Literário", pelo qual já tinham passado Mário de Andrade e Sérgio Buarque de Holanda. Terminou sua carreira na imprensa na década de 60, na Folha de São Paulo.

 

Dentre as quase duas mil e quinhentas crônicas que escreveu ao longo de sua vida, escolhemos duas que foram publicadas já em período de maturidade intelectual . “Edmundo, O Céptico” foi publicada em livro pela primeira vez em 1963 junto a textos de outros autores no livro Quadrante 2. “Liberdade”, por sua vez, foi publicada em primeira edição em 1964 no livro Escolha o seu sonho, uma coletânea de quarenta e cinco crônicas com temas variados, as quais foram escritas a pedido do jornalista Murilo Miranda a fim de serem lidas nos programas da Rádio Roquete Pinto.

 

“Edmundo, o Céptico” fala de um menino que não acreditava em nada que os adultos lhe diziam. Era chamado de teimoso mas o que queria era descobrir por sua própria experiência suas próprias verdades. Quebrou os dentes tentando extrair o melzinho do caroço de ameixa, quase se afogou numa pipa d’água, tudo por não acreditar no que os adultos lhe diziam. Fazia perguntas e não se convencia das respostas, dava trabalho na aula de catecismo e na escola. Estava sempre em guarda com os adultos, estragava as festas, shows de mágica não tinham sentido para Edmundo. Não admitia a mentira e morreu cedo.

 

“Liberdade”, por sua vez, trata de uma reflexão em torno da palavra liberdade. Cantada, descrita, sonhada e desejada por todos, é objeto de ditados populares, hinos e poemas. É motivo de vida, de lutas e de morte. Cecília fala de crianças que atiram pedras e soltam papagaios por serem livres, e quebram coisas ou morrem quando o fio encosta nos fios elétricos. Loucos que tentam fugir dos pavilhões através de incêndios e morrem queimados. Há também os que preferem não se arriscar e nem pensam no assunto. Só os sonhadores, as crianças e os loucos partem em busca do que pensam ser liberdade, soltando seus papagaios, morrendo nos seus incêndios, como as crianças e os loucos. E cantando aqueles hinos, que falam de asas, de raios fúlgidos — linguagem de seus antepassados, estranha linguagem humana, nestes andaimes dos construtores de Babel...

Não podemos, porém, ler tais crônicas sem perceber nas entrelinhas a Cecília crítica que angariou inimigos em sua militância no jornalismo, que “quebrou os dentes” tentando extrair o “melzinho” que imaginou haver numa educação diferente, criativa, não conforme os padrões tradicionais que o governo de Vargas ditava (os adultos que diziam verdades a Edmundo). A Cecília que convoca o leitor a aprender com a experiência, a buscar a verificação das verdades, a não se conformar com respostas prontas, a ficar sempre em guarda contra o autoritarismo que tenta impor suas verdades. Reconhece a dificuldade de sua luta e, como Edmundo, se cansa da luta política e se afasta por momentos dos jornais, mas continua ativa. Estaria Cecília, como porta-voz de seus leitores, falando de sua experiência como cronista?

 

Como bem nos lembra Roncari, “o cronista é o sujeito que retrata o tempo, canta a imagem do turbilhão que remexe a ordem do mundo e não deixa nada fixo no lugar” (RONCARI, 1985: 14). Como o Edmundo de Cecília, que não por acaso se chama Edmundo (por mais que não gostasse do mundo dos adultos, pertencia a ele, era do mundo, E-d-mundo), o cronista observa o cotidiano com um olhar estranho, alguém capaz de observar e julgar o movimento, a mudança, e alertar para o que tem de extraordinário, o que parece corriqueiro, sólido e estabelecido. O cronista seria, para Cecília, um “Edmundo” em busca de sentido, de verdades, de movimento? Roncari vê o cronista como o “sobrevivente que de um porto seguro e dificilmente alcançado observa a torrente que a tudo desestabiliza e turbilhona” (RONCARI, 1985: 15) e chama a atenção de todos ao seu redor para que tentem se salvar. Pena que o próprio Edmundo não se salvou.

 

A incredulidade de Edmundo contrasta com a credulidade de quem não questiona, que se deixa levar pelo encantamento mágico das palavras, que acredita em ilusões criadas pelo mundo dos adultos. Um Edmundo que precisou morrer cedo por não admitir a mentira. Estragava tudo, incomodava, como Cecília, apontando o engano por trás de decisões políticas envolvendo a educação.

 

É nesse ponto que buscamos nossa segunda crônica escolhida: “Liberdade”. Escrita também em anos de maturidade com um refinamento em suas palavras, evoca em hinos e poemas os ideais de liberdade, ideais revolucionários como sempre foram sua marca. Revolucionários como Edmundo. As criaturas nutridas de liberdade, como todos nós leitores, cantam, amam e morrem por ela.

 

Cecília dialoga com ditados populares, hinos e gritos de levante popular que, “em certo instante” podem brilhar em nossa consciência como possibilidade e como realidade. Repudia a condição de “autômato e teleguiado” e proclama o “triunfo luminoso do espírito”. O coração e a cabeça juntos, consciência da responsabilidade do ser humano sobre seu próprio caminho. O sonho da liberdade, no entanto, encontra barreiras e tropeços.

 

A infância, para Cecília, deve ser respeitada. O sonho infantil leva pedras e papagaios até onde a realidade não nos permite ir. A realidade, porém, é dura, crua e fatal. Nos restam a infância ou a loucura (ou os dois) como possibilidade de ruptura das correntes e busca da tão desejada liberdade, mesmo que para isso tenha que se enfrentar o risco e a morte. O comodismo e a estagnação nos fazem acreditar no discurso que Edmundo repudiava. O sonho de Edmundo, das crianças, dos loucos, de Cecília e de todos que ousam desafiar a “eles” (lembrando que “eles” eram os adultos de Edmundo e os políticos de Cecília) desnuda a fragilidade e a incoerência que nos deixa pendurados nos “andaimes dos construtores de Babel”.

 

 

 

Bibliografia

 

 

ARRIGUCCI JR., D., Enigma e comentário, Companhia das Letras, São Pulo:, 1987.

AZEVEDO FILHO, L.A. de, 1927. Cecília Meireles, In: Poetas do Modernismo: Antologia crítica. Brasília, Instituto Nacional do Livro, 1972. p. 81-118.

CÂNDIDO, A., A vida ao rés-do-chão. In: Cândido et al. A crônica: o gênero, sua fixação e suas transformações no Brasil., UNICAMP, Campinas, 1992.

DAMASCENO, Darci. Cecília Meireles: um cinqüentenário. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, 23 mar. 1969, p. 2

LAMEGO, Valéria. A farpa na lira. Rio de Janeiro: Record. 1996.

MEIRELES, C. Liberdade, In.: Escolha o seu sonho, Rio de Janeiro: Record, 2002, p. 7.

____________. Edmundo, o Céptico, In.: Quadrante 2, Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1962, pág. 122.

MOISÉS, M., A criação literária, 10a. ed., Cultrix, São Paulo:, 1982.

RONCARI, L., A estampa rotativa na crônica literária. In: Boletim Bibliográfico da Biblioteca Mário de Andrade, vol. 46, jan./dez., 1985, p. 9-16.



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terça-feira, 19 de julho de 2022

EM BUSCA DA CAPACIDADE DE BUSCAR - sobre escolhas e consequências

 EM BUSCA DA CAPACIDADE DE BUSCAR

 sobre escolhas e consequências

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Sabe uma coisa que me chama atenção? A rapidez com que uma informação, verdadeira ou não, se espalha nas redes sociais. Arrisco até dizer que as informações não verdadeiras (ou parcialmente verdadeiras) são as mais velozes.

 

Acho isso fascinante, mas também assustador. Muito do que hoje se consome são palavras soltas, mensagens replicadas com fotos diversas, vídeos amadores (ou não), citações com autores duvidosos... nisso tudo vejo uma sede de exposição além da medida. É um novo vício, o de se expor e o de xeretar, mas sem uma real noção do que isso pode significar.

 

E assim caminha a humanidade virtual. Rápida, indomável e extremamente fugaz.

 

Pois bem, essa rapidez merece uma reflexão.

 

As mudanças tecnológicas não são acompanhadas de mudanças internas nas pessoas que compõem as redes – e por conseguinte, nossas famílias, nossas cidades, nossas empresas...

 

Uma grande necessidade de apoio, respeito e carinho se reflete em cada post, em cada mensagem. Sentimento virtualizado, “roubartilhado” em reflexões emprestadas, fragmentadas e desconexas. Seria um reflexo do que vivemos? Uma perplexidade tão sem tamanho que toda palavra e imagem faz sentido de forma genérica e aplaca a angústia de ter que ser visto, lido e curtido? Não denunciaria uma falta?

 

Outro dia li algo quase impossível de precisar o autor pois, com certeza, já foi citado com vários nomes diferentes nas redes. Algumas pesquisas apontam que grande parte das pessoas pedem demissão do seu chefe. E também tenho lido muito sobre o tal “apagão de mão de obra”. E também vejo uma quantidade enorme de grandes profissionais, com carreiras sólidas e muita experiência... procurando emprego.

 

Pois bem, isso tudo dá um samba bom! 

 

Pessoas buscam mais que salário, cargo e tecnologia – buscam respeito e reconhecimento. Será que esse "chefe" consegue avaliar o estrago que faz?

 

E este profissional, por sua vez, vai para o mercado em busca de algo – uma nova colocação onde possa se sentir respeitado e reconhecido, onde possa mostrar seu potencial e se desenvolver. Será que ele tem clareza do que está buscando? É atropelado pela rapidez com que milhares de currículos chegam para cada vaga, triados virtualmente. E lá vem o “apagão”.

 

Em algum lugar as pessoas certas estão se perdendo dos lugares certos onde poderiam desenvolver seu potencial e, com isso, fazer crescer a empresa e acabar com o “apagão”.

 

Parece uma fórmula simples, mas não é. No meio disso tudo existe algo mais importante que se perdeu nessa rapidez virtual. Não sabemos mais o que procurar, quem procurar e como procurar. Apenas... procuramos! Emprestamos sentimentos e queixas alheias por não sabermos mais como expressar a nós mesmos. Isso em casa, no trabalho e na sociedade.

 

Vale refletir sobre isso? Espero que sim pois precisamos urgentemente voltar a enxergar a subjetividade para aí sim encontrar sentido no que fazemos.

 

Que nossa busca não seja por cargo, salário ou poder, mas sim por respeito, reconhecimento e amor. Amor pela vida, em todas as suas dimensões.

 

A pergunta então é – você sabe o que você busca?


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SOBRE O MEDO DA MUDANÇA

 

SOBRE O MEDO DA MUDANÇA

TENS, COMO HAMLET, O PAVOR DO DESCONHECIDO?

 

“Tens, como Hamlet, o pavor do desconhecido? 

Mas o que é conhecido? O que é que tu conheces, 

Para que chames desconhecido a qualquer coisa em especial?” 

Álvaro de Campos

Medo da Mudança

Esse pequeno trecho do poema de Álvaro de Campos (um dos heterônimos de Fernando Pessoa) soa familiar? O desconhecido nos invade todos os dias, em casa, no trabalho, na rua... cada pessoa ou idéia nova, por ser nova, nos causa um certo desconforto.

 

Mente quem diz que não tem medo do desconhecido e da mudança. Mente quem diz que deseja 100% de mudança em sua vida. Aliás, isso só seria possível nascendo novamente, e mesmo assim há controvérsias de ordem religiosa e cultural também para esta afirmação.

 

Mas não quero ir tão longe em minha reflexão. Quero apenas levantar um ponto que considero essencial: o conhecido que desconheço e me amedronta.

 

Para tanto vou relembrar um filme infantil (com um tema bem adulto) que muitos com certeza assistiram – Monstros S.A. Num rápido resuminho para não perder a graça e a beleza do filme vou apontar alguns pontos que considero importantes.

 

Pensemos em nossas empresas, hierarquias, nossas metas, nossos processos e fluxos, salas de treinamentos, brigas de egos inflamados, trocas de experiências informais e os mitos internos eternamente alimentados pelas pessoas que compõem esse emaranhado de relações da organização.

 

E qual a finalidade daquela empresa no filme? Provocar medo nas crianças? Não! O medo é a energia que move tudo.

 

A finalidade é gerar energia, e energia é movimento, é mudança. Todos temos monstros no armário prontos a perturbar nosso sossego. E vez ou outra eles saem e fazem um estrago... até que percebemos que o monstro na verdade não é tão feio... é até bonitinho, parece um gatinho. Mas para isso é necessário conhecê-lo, respeitá-lo e se fazer respeitar.

 

Difícil? Muito difícil! Mas disso depende nossa sobrevivência. Quem é monstro teme perder o poder mantido através do medo.

 

Mas... vamos complicar mais um pouquinho! A quem pertence o medo? Os meus medos pertencem a mim, a mais ninguém. São frutos de minhas fantasias e de minhas experiências. Os meus medos são produzidos e alimentados dentro de mim, desde pequeno, e tornados lei. Eu aprendi que tenho que tomar cuidado com quem fala alto, com quem é maior do que eu, mais forte, e tem poder de decisão. Não é assim?

 

Mas também aprendi que ninguém tem sempre razão, que os pais e professores (e depois os gestores e líderes) também erram e... também têm medo.

 

Eu posso lidar com meus medos mas não posso mensurar a dimensão dos medos dos outros, nem suas reações. Mas com certeza o conhecimento é a chave de tudo. O monstro vira gatinho quando eu percebo (e conheço) aquilo que pensava não conhecer.

 

Ou seja... que eu sou dono da mudança que tanto desejo e temo. As mudanças são necessárias mas não posso exigir que todos dentro da empresa recebam as propostas e projetos com o mesmo entusiasmo de quem já visualiza o futuro (conhecimento também é isso).

 

Vale então investir (e muito) na mudança de cultura visando o desenvolvimento das pessoas em todos os níveis, pois se o medo (do desconhecido) gera energia suficiente para paralisar uma empresa, o amor (vestir a camisa é isso – amor) é capaz de reverter até os quadros mais sombrios.

 

E fica a pergunta... “Tens, como Hamlet, o pavor do desconhecido?”



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sexta-feira, 15 de julho de 2022

TEMPOS MODERNOS, TEMPO DE ESCOLHAS - sobre escolher e renunciar

 

TEMPOS MODERNOS, TEMPO DE ESCOLHAS

sobre escolher e renunciar

Escolhas

Vivemos em tempos modernos. Viver em tempos modernos certamente não é tarefa das mais simples ou tranqüilas. Viver em tempos modernos é viver sem tempo. Corremos o dia inteiro, trabalhando, estudando, cuidando da casa, dos filhos, da conta bancária, das compras, etc. No fim do dia, muitas vezes lembramos que esquecemos alguma coisa, algo importante, o dia foi curto, o tempo foi pouco...

 

Fizemos muito, mas não foi o bastante. Ou talvez não fizemos o que realmente era importante fazer... Que sensação estranha é essa de nunca ser o suficiente, nunca ser o bastante... Que insatisfação, que frustração, que angústia...

 

Com certeza viver em tempos modernos não é fácil! Exige de nós uma capacidade que não temos certeza de possuir. Exige esforço, determinação, desprendimento, maturidade e, sobretudo, capacidade de fazer escolhas.

 

Desde pequenos somos obrigados a fazer escolhas. Essa é uma tarefa nada fácil pois cada vez que apontamos para uma alternativa, temos que esquecer a outra. Às vezes recorremos ao “uni-duni-tê, salamê-mingüê”, ou ao “mamãe mandou eu escolher essa daqui”, na esperança de contar com a sorte e acertar.

 

Ou talvez para não ter que pensar tanto... Ou talvez para não ter que assumir uma escolha que, por fim, se mostra menos acertada. Mas de qualquer forma a escolha é nossa, não importa como escolhemos, continua sendo nossa. Nossa vida, nossas escolhas... Aprendemos com cada escolha que fazemos, com cada acerto, com cada erro... Viver é fazer escolhas, é aprender... é crescer... 

 

Ou isto ou aquilo. 

Ou se tem chuva ou não se tem sol, 

ou se tem sol ou não se tem chuva! 

Ou se calça a luva e não se põe o anel, 

ou se põe o anel e não se calça a luva! 

Quem sobe nos ares não fica no chão, 

Quem fica no chão não sobe nos ares. 

É uma grande pena que não se possa 

estar ao mesmo tempo em dois lugares! 

Ou guardo dinheiro e não compro doce, 

ou compro doce e não guardo dinheiro. 

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo... 

e vivo escolhendo o dia inteiro! 

Não sei se brinco, não sei se estudo, 

se saio correndo ou fico tranqüilo. 

Mas não consegui entender ainda 

qual é melhor: se é isto ou aquilo. 

 

Viver em tempos modernos é viver fazendo escolhas, como neste belo poema de Cecília Meireles (1964), dirigido às crianças, mas que também serve para nós.

 

Não podemos ter certeza de qual escolha é a mais acertada, muitas vezes apontamos a alternativa que nos parece mais fácil, menos sofrida, mas não necessariamente a que vai nos trazer realização, satisfação ou alegrias a longo prazo. Mas, se não podemos estar em dois lugares ao mesmo tempo, nem estender nosso tempo para fazer as duas coisas, talvez seja o momento de rever nossas prioridades.

 

O relógio vai continuar marcando o passo de nossas vidas? Ou será que tem algo mais que possa ser feito? Em que lugar colocamos nossa família, nossos filhos, nossos amigos, nossa comunidade, nosso trabalho? Viver em tempos modernos é planejar! Viver em tempos modernos também é crescer, amar e partilhar.

 

Pense nisso!


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